Segundo especialista a substância pode ser gerada naturalmente durante o processo de fermentação.
Já são seis mortes em São Paulo após o consumo de bebidas alcoólicas que podem ter sido adulteradas com metanol. Casos semelhantes também estão sendo investigados em Pernambuco. Diante disso, surge a pergunta: como o metanol pode estar presente em bebidas que deveriam ser seguras para o consumo?
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Segundo o professor Thiago Correra, do Instituto de Química da USP, o metanol pode sim ser gerado naturalmente durante o processo de fermentação, especialmente a partir da degradação de pectina, um composto presente na casca de frutas.
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"O metanol pode ser gerado por fermentação principalmente de cascas de frutas, como uva a partir da pectina, mas é gerado em baixas quantidades e dentro de limites que são seguros. Por isso, o vinho não é um problema. Os destilados estão mais susceptíveis à essa contaminação por metanol pois o processo de destilação acaba concentrando as espécies mais voláteis como alcool e metanol."
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O docente explicou que, quando a destilação é feita de forma correta, a parte rica em metanol é descartada e não chega ao produto final. Já bebidas destiladas clandestinas podem conter a substância devido a falhas no processo de destilação.
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"Por isso bebidas destiladas de origem clandestina podem ter metanol. O processo de destilação pode não ser bem feito."
Foto: Reprodução
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Vinho e cerveja oferecem risco?
Muitos consumidores se perguntam se a cerveja e o vinho também podem representar risco. No entanto, o químico esclarece que as bebidas são mais seguras nesse aspecto.
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No caso do vinho, a presença de metanol pode ocorrer de forma natural durante a fermentação, especialmente devido às cascas de frutas como a uva. Contudo, essas quantidades costumam ser muito baixas.
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Quanto à cerveja, a formação de metanol não é comum, pois sua matéria-prima, a cevada, normalmente não gera essa substância.
Foto: Reprodução
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"A cerveja não é destilada. E também tem o fato que durante a fermentação do matéria-prima da cerveja, principalmente a cevada, não é comum a formação de metanol."
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Ou seja, as bebidas que mais apresentam risco de conter metanol em níveis perigosos são os destilados, como cachaça, aguardente e whisky, especialmente quando fabricados de maneira clandestina.
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O professor Thiago Correra ainda destaca que o consumidor não tem como saber se a bebida está contaminada, por isso a importância de ter atenção redobrada na escolha do fornecedor.
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Principais sintomas da intoxicação por metanol:
- Alterações de consciência;
- Tontura;
- Vômito;
- Confusão mental;
- Cólica e dor abdominal;
- Visão turva.
Outros sintomas mais graves incluem cegueira, coma e até mesmo a morte.
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Na quarta-feira (1º de outubro), o Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Unicamp (CIATox), alertou que o Brasil não tem estoque suficiente de antídotos para tratar as intoxicações. Segundo o CIATox, os dois principais antídotos são o fomepizol e o etanol farmacêutico. Ambos atuam bloqueando a ação de uma enzima que transforma o metanol em substâncias tóxicas ao fígado.
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O coordenador associado e toxicologista do Ciatox, Fábio Bucarete, afirma que o fomepizol é considerado mais eficaz e fácil de administrar, mas não tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o que impede sua oferta no país.
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Em entrevista, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que o etanol farmacêutico é considerado o melhor antídoto contra o metanol e que é fabricado no Brasil. Porém, o Ministério da Saúde estuda criar uma reserva estratégica em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para garantir o acesso ao fomepizol.
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Padilha disse ainda que a comercialização do antídoto está restrita porque ele não é produzido em larga escala.
Foto: Reprodução
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Como o metanol vai parar na bebida
Segundo o professor de toxicologia clínica da UFF (Universidade Federal Fluminense), Rinaldo Tavares, o metanol pode aparecer de diversas formas:
- Adulteração criminosa: quando a substância é adicionada de forma ilegal durante ou após a fabricação, para baratear custos ou aumentar o teor alcoólico.
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- Produção inadequada: em fábricas ou destilarias clandestinas, onde não há controle de qualidade, o processo de fermentação e destilação pode gerar pequenas quantidades da substância que não são eliminadas.
- Mais comum em destilados: por causa do teor alcoólico maior, bebidas como gim, vodca e uísque são mais suscetíveis. Em cervejas e vinhos, o risco é menor, mas produções artesanais sem controle também oferecem perigo.
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Casos de adulteração fora das bebidas
O metanol também já foi identificado em fraudes com combustíveis. Operações da Polícia Federal contra o PCC apontaram que mais de mil postos no país venderam gasolina adulterada, com até 90% da substância. Apesar disso, não há evidências de ligação direta com os casos recentes envolvendo bebidas alcoólicas.
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Como se proteger
O diretor da Abrasel-SP, Gabriel Pinheiro, reforça que consumidores e donos de bares devem adotar medidas de precaução:
- Prefira estabelecimentos conhecidos e desconfie de preços muito abaixo do mercado.
- Cheque rótulos e embalagens: furos, tampas tortas, erros de ortografia e falta de informações como CNPJ ou lote são sinais de alerta.
- Recuse produtos sem procedência ou de origem duvidosa.
Foto: Reprodução
Algumas informações: ND+ / Estadão / CBN / Universo On-line
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