Relatório internacional revela que, em duas décadas, taxa global de obesidade infantil triplicou, enquanto Brasil apresenta números três vezes acima da média mundial.

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Um relatório divulgado nesta semana pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) traz um alerta sem precedentes: pela primeira vez na história, a obesidade infantil superou a desnutrição como principal ameaça nutricional global. Os dados, coletados entre 2000 e 2022 em mais de 190 países, mostram uma inversão preocupante no panorama de saúde das crianças e adolescentes.

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Números que assustam
Globalmente, a taxa de obesidade infantil saltou de 3% para 9,4% neste século. O cenário no Brasil, no entanto, é ainda mais alarmante. Enquanto a média mundial triplicou, os índices brasileiros praticamente quadruplicaram, evoluindo de 5% para 15% no mesmo período. Especialistas classificam a situação como uma "epidemia de proporções catastróficas".
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O combo perfeito para o vício
Pediatras e neurologistas entrevistados explicam que a crise não é simplesmente sobre "comer demais". Trata-se de uma combinação perigosa de fatores que criam o ambiente ideal para o desenvolvimento de dependências. O açúcar, presente em quantidades excessivas em ultraprocessados, e o uso desregrado de telas formam um "combo dopaminérgico" que sequestra o cérebro em desenvolvimento.

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A neurociência do vício
Um neuropediatra do Hospital das Clínicas, explica: "O cérebro infantil é particularmente vulnerável. Cada ingestão de açúcar refinado ativa os mesmos centros de prazer que substâncias como a cocaína. Da mesma forma, cada vídeo curto, like ou notificação fornece uma microdosagem de dopamina, o neurotransmissor do prazer".

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Ciclo vicioso moderno
O mecanismo é cruelmente eficiente: a criança consome açúcar → experimenta um pico artificial de dopamina → sofre uma queda brusca → busca nas telas uma nova dose de prazer → repete o ciclo. Este processo constante cria padrões neurológicos de dependência difíceis de reverter.
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As estratégias da indústria
Documentos internos de grandes corporações alimentícias, revelados em ações judiciais nos Estados Unidos, mostram estratégias deliberadas para aumentar o potencial viciante de seus produtos. "Há uma ciência por trás da formulação dos ultraprocessados para criar o 'ponto de bliss' - o máximo de prazer que leva ao consumo compulsivo", afirma uma nutricionista.

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O papel das big techs
Do outro lado, as plataformas digitais desenvolveram algoritmos que maximizam o tempo de tela. "Os recursos de reprodução automática, as recompensas variáveis e a rolagem infinita são todos mecanismos comportamentais que tornam o dispositivo quase irresistível", analisa um especialista em ética digital.

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Consequências físicas imediatas
O resultado deste ambiente tóxico são crianças desenvolvendo doenças que antes eram exclusivas de adultos. Casos de diabetes tipo 2, hipertensão arterial, esteatose hepática (fígado gorduroso) e apneia do sono são diagnosticados com frequência crescente em pacientes cada vez mais jovens, alguns com apenas 7 ou 8 anos.

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Impacto na saúde mental
A crise não é apenas física. Psiquiatras infantis relatam explosão de casos de ansiedade, depressão e transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH) associados ao consumo excessivo de telas. "São cérebros superestimulados para recompensas imediatas e com tolerância muito baixa para frustração", comenta uma psiquiatra.
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Desigualdade social amplificada
A crise atinge com força particular as famílias de baixa renda. Ultraprocessados são frequentemente mais baratos e acessíveis que alimentos frescos, enquanto a falta de infraestrutura segura em comunidades limita atividades ao ar livre, confinando crianças em ambientes onde as telas são a principal opção de entretenimento.

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Falha sistêmica e regulatória
Especialistas criticam a falta de ação governamental efetiva. "Temos uma regulação frouxa para publicidade infantil, subsidiamos ingredientes ultraprocessados e não investimos o suficiente em educação alimentar", afirma o economista da saúde Roberto Almeida. "É um fracasso de políticas públicas em múltiplos níveis".

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O que dizem as empresas
Procuradas, associações que representam a indústria alimentícia e de tecnologia destacaram suas iniciativas voluntárias. A plataformas digitais citaram ferramentas de controle parental, reconhecendo a necessidade de "uso consciente".

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Soluções possíveis
A Organização Mundial da Saúde recomenda um pacote abrangente que inclui:
- Regulação rigorosa da publicidade dirigida às crianças
- Tributação específica para bebidas açucaradas e ultraprocessados
- Rotulagem frontal clara (como a já adotada no Brasil)
- Limites obrigatórios para o marketing digital de alimentos não saudáveis
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O papel das famílias
Em nível individual, especialistas recomendam:
- Retardar ao máximo o contato com telas (nenhuma tela antes dos 2 anos)
- Estabelecer zonas e horários livres de dispositivos digitais
- Oferecer predominantemente comida in natura ou minimamente processada
- Envolver as crianças no preparo das refeições
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Responsabilidade compartilhada
"É ingênuo colocar todo o peso nas famílias", pondera uma pediatra. "Elas estão lutando contra bilhões de dólares em pesquisa de como viciar seus filhos. Precisamos de regulamentação que proteja as crianças, assim como fizemos com o tabaco".
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Um chamado para ação
O relatório da UNICEF conclui com um apelo urgente a governos, sociedade civil e famílias: "Não podemos normalizar essa realidade. Proteger a saúde das crianças desta geração requer ação imediata e coordenada em todas as frentes - desde políticas macro até escolhas diárias dentro de casa".
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O futuro em jogo
As projeções são sombrias: sem intervenções drásticas, esta pode ser a primeira geração em mais de um século a ter expectativa de vida menor que a de seus pais. O custo para os sistemas de saúde e para a produtividade econômica futura é incalculável. O momento de agir, alertam os especialistas, é agora.
Algumas informações: Unicef / Dr. Joao Lucas - Pulso Cardiologia
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